quarta-feira, 12 de setembro de 2007




Acordo com sono, e meus dias parecem meus sonhos
E meus sonhos estão confusos e ocos
E a cor da manhã que nasce é cinza

Remei o barco em direção ao pôr sol
Não consegui chegar, mas foi bonito
Aquela luz avermelhada na água
Eu entardecendo

Eu dono do rio cuiabá
E o rio morrendo feito eu
Vagarosamente

Não sei onde nasce
Nem onde morre
Só sei o meio, e o meio é meu

O horizonte se movendo,
Tão rápido quanto eu
E o sol caindo na margem esquerda
Por trás das árvores, se escondendo
As árvores acobertando o sol,
Cúmplices do parto da noite
E o beijo dos últimos raios me mandando pra casa

Sentar-me-ei sonolento na cadeira a perceber ondas nas pedras
Ondas nas paredes, quando é que a onda vai quebrar?

O rio é gentil quando quer, os pescadores são gentis, acenam
E não adianta brigar com a água,
é preciso remar como o velho ribeirinho, remar com o rio

antes eu tentei pescar
agora o remo calejando minha mão
e eu só tento me unir à corrente

de fato
não há peixes no rio cuiabá