Sinto arder em meu peito um turbilhão de palavras desconexas
Resvalando uma nas outras. Conturbadas, perplexas.
Querem todas sair de uma só vez, jorrar,
Mas a boca não é capaz de as pronunciar.
Não têm idioma, sentido ou vernáculo.
Acumulam-se como que através de um século.
Tento organizá-las, aglutiná-las, criar alguma expressão:
É inútil, são arredias e fogem a qualquer compreensão.
E como pesa a palavra não dita!
Lavrá-la é como buscar pepita.
Rumino, balbucio e, exausto, grito.
Nenhum efeito, o peito pulsa aflito.
Resignado, calo-me, e no meu silêncio tenho a impressão
De que sedimentam-se cacos de palavras no fundo oco do meu coração
Formando um confuso mosaico onde lê-se sob o pó
Turva e quase imperceptível, mas contundente, uma palavra só:
Angústia.
terça-feira, 3 de março de 2009
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2 comentários:
Muito bom, celsinho. Muito bom mesmo.
Estava com saudade de ler coisas tuas. Não pare de escrever.
Abraço.
Belo poema.
:)
Entendo bem dessas sensações da angústia.
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