há um homem grisalho no corredor.
as chaves feito um chocalho me causam terror.
seus passos, num compasso firme, eu ouço no coração.
vem cansado, suspirando a velha canção.
37 anos de poeira e de lama,
há 37 anos esse homem me chama.
ele vem buscar meus sonhos, minha juventude,
os meus quadros medonhos, tudo que não pude,
e não posso, mas eu tento em desespero,
porque é vosso o lamento, mas é meu enterro.
ah mãe, não apaga a luz,
faz comigo o sinal da cruz que eu esqueci.
sapatos gastos, e sorriso desbotado,
os punhos gastos, na porta ao meu lado.
ele sabe meu nome, ele está enjoado
de saber o meu inútil nome, meu fado.
e agora eu sou mais um homem no corredor,
eu sou teu homem, no corredor.
segunda-feira, 17 de março de 2008
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