sexta-feira, 21 de março de 2008

Duas famílias

A minha fibra vem do berço:

O vô me deu um 38, a vó um terço.

Meu avô morto e enterrado

Na terra ácida e dura do cerrado.

A vó vagando muito e vivendo pouco.

Seu primogênito está ficando louco.


A casa velha foi vendida,

E o dinheiro nos partiu feito um machado.

A herança dividida,

E divididos, cada filho pra um lado.


Do outro lado, meu avô, um fugitivo.

A minha vó, uma guerreira com motivo.

E dona Anita, a matriarca firme e forte,

Nos une a todos, mesmo após a sua morte.

Mulheres fortes, homens de cabeça fraca,

Filhas e netas da bisavó, matriarca.


Não sei bem certo que sangue carrego,

A proporção, se é que sou mistura.

Se sou o peso e a força do machado cego,

Ou a beleza e a inocência da loucura.

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