sexta-feira, 21 de março de 2008

esperando o dia



escura angústia afaga meu peito vasto

tamanha é minha fome, tão raro pasto

vagam animais selvagens, vagam, vãos

e me escapa o dia, o sol pelas mãos


vagos são meus sonhos, meus punhos

que há muito são sonhos, rascunhos

vasto é meu desejo, e a minha fuga

vasto é o verme, me dissolve e suga


mas na aurora de um dia febril

há de nascer uma rosa entre mil

perfumando o meu triste jardim

arranhando a casca dura de mim


no cantar do pássaro solitário

ouvirei a beleza de um canário

pousando no amanhecer tão alvo

trazendo boa nova: estou salvo!

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