esperando o dia
escura angústia afaga meu peito vasto
tamanha é minha fome, tão raro pasto
vagam animais selvagens, vagam, vãos
e me escapa o dia, o sol pelas mãos
vagos são meus sonhos, meus punhos
que há muito são sonhos, rascunhos
vasto é meu desejo, e a minha fuga
vasto é o verme, me dissolve e suga
mas na aurora de um dia febril
há de nascer uma rosa entre mil
perfumando o meu triste jardim
arranhando a casca dura de mim
no cantar do pássaro solitário
ouvirei a beleza de um canário
pousando no amanhecer tão alvo
trazendo boa nova: estou salvo!
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